As Subclassificações da Assexualidade



Com a organização dos primeiros grupos de assexuais em comunidade, percebeu-se que haviam diferenças e semelhanças na forma de manifestação da assexualidade em cada pessoa. Visando organizar o entendimento sobre esse tema, a AVEN – Asexual Visibility and Education Network (Rede de Educação e Visibilidade Assexual) – formulou algumas classificações para elucidar essas diferenças. E as principais subclassificações da assexualidade criadas são: 

• Romântico 
• Arromântico 
• Lithromântico 
• Gray-a 
• Demirromântico 

O assexual romântico é aquele que, apesar de não ter interesse na prática sexual com outra pessoa, pode ter interesse romântico. Ou seja, é a pessoa que pode se apaixonar ou que tem interesse por relacionamentos românticos. Os assexuais românticos podem ser heterorromânticos – têm interesse por pessoas de outro sexo –, homorromânticos – interesse por pessoas do mesmo sexo –, birromânticos – interesse por pessoas de ambos os sexos –, ou panromânticos – o interesse romântico ultrapassa a ideia binária dos gêneros. 

Em oposição ao romantismo, o assexual arromântico seria aquele que não sente atração romântica ou que não possui interesse por relacionamentos românticos. 

O lithromantismo pode ser confundido com o romantismo ou o arromantismo, mas existem diferenças entre as subclassificações. O lithromântico pode se apaixonar, mas esse sentimento costuma se manifestar de forma platônica e idealizada, não se materializando no mundo concreto. Ou seja, o lithromântico, assim como o romântico, pode se apaixonar, e assim como o arromântico, não tem interesse por relacionamentos amorosos, pois eles só podem existir na idealização do assexual lithromântico. 

Também existe confusão no entendimento entre a demissexualidade e o gray-a, pois, nesse caso, ambas as subclassificações abrangem os assexuais da área cinza, ou seja, aqueles que podem sentir atração sexual, mas que não chegam a ser sexuais como os heterossexuais, homossexuais, bissexuais e pansexuais. O demissexual é aquele que só consegue sentir atração sexual por alguém se tiver grande sentimento romântico por essa pessoa, já o gray-a pode sentir atração sexual em momentos e situações extremamente específicas, sem que essa especificidade esteja necessariamente relacionada à atração romântica. 

E qual é o posicionamento da Comunidade Assexual sobre essas subclassificações? 

Inicialmente, a maior parte dos membros da CA utilizavam as subclassificações de forma irrestrita, assim como em outras comunidades assexuais, mas alguns problemas começaram a surgir por causa disso. 

Alguns membros do fórum começaram a apresentar-se confusos e angustiados por não conseguirem se identificar com nenhuma das subclassificações da assexualidade. Esses membros não tinham interesse na prática sexual com outros, mas não conseguiam se identificar como românticos, arromânticos, ou com alguma das outras classificações. 

A utilização de forma irrestrita das subclassificações passava a impressão aos novos membros de que a identificação com alguma delas era atitude obrigatória, e isso era extremamente problemático, pois considerando que a sexualidade se manifesta diferentemente em cada pessoa, um conjunto de subclassificações não poderia abranger toda a diversidade da assexualidade. Por isso, de forma tímida começou a surgir um pensamento diferenciado quanto às subclassificações que acabou se expandindo e, hoje, é praticamente unânime na comunidade. 

Não somos contrários às subclassificações, pois, em um primeiro momento, ela contribui com o entendimento da diversidade que existe entre os assexuais, e ajuda como uma forma de identificação inicial para boa parte dos assexuais. Porém, não podemos ver as subclassificações como meios de identificação obrigatórios e muito menos como uma síntese exata e perfeita da diversidade assexual, pois elas não o são, já que não conseguem abranger todos os assexuais. 

Portanto, também adotamos essas subclassificações, mas com maior cautela e cuidado, priorizando a individualidade da pessoa assexual, e não uma generalização inexata.

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